Assim sou
eu...
Não é incomum pegar-me pensando em coisas
que talvez eu gostaria de ler ou realmente falar; porém, sempre deixei os
pensamentos no lugar que julgava devido “dentro de mim” e não os trazia à tona.
Em alguns casos por achar besteira; em outros por considerar algo passageiro,
reflexo de uma determinada situação; ou então por descrédito. Não do pensamento
tido, mas da ação-reação.
Pois bem, eis que em um belo dia,
lendo-relendo algumas leituras, deparo-me com algo do tipo: “escreva tudo o que
vem a sua cabeça”. Senti aquilo como algo propositalmente direcionado a mim e,
por isso, aqui estou, a colocar meus pensamentos para fora. Não sei exatamente
no que isso irá dar, tampouco se irá dar em lugar algum, todavia, sinto que a
passagem pensamento – digitação – leitura me faz um pouco melhor. Dessa forma,
consigo melhor colocar as ideias no lugar.
Talvez vocês me entenderão ou, quem sabe,
irão me considerar como alguém que decidiu “falar”. Tudo bem, isto não é
problema para mim, todavia, nos últimos tempos, procurei não “falar” tanto,
acho que consegui, mas – em contrapartida – isso me provoca sensações que não
combinam muito comigo.
Vamos em frente: o ato de falar... falar
muito, incomoda as pessoas. Quando me refiro ao ato de falar em si, quero dizer
pôr para fora aquilo que penso, aquilo que acho certo, aquilo em que acredito,
sem pensar na tal ação-reação. No entanto, muitas vezes, isso provocou
discussões descabidas e a escuta de termos chulos como “ela se acha”. Bem,
tentei dar um tempo aos meus ouvidos, calei-me... calei-me... escutei...
escutei... Não é a toa que isso tirou a juba da leonina que sempre esteve
presente em mim. Tirou sim, mas apenas
temporariamente.
Só que chega uma hora que tudo cansa,
acordar cansa, vestir-se cansa, ficar sentada no sofá vendo o tempo passar
também cansa. Cansa porque a ação passou a ser rotineira e rotina não faz parte
da vida de quem gosta da liberdade de ir e vir, de quem gosta do diferente, de
quem gosta dos prazeres da vida, de quem nasceu para ser feliz.
Foi a partir dessa rotina que a juba
leonina reascendeu e explodiu. Acho que posso dizer assim: explodiu! Como um
choque, passando toda eletricidade por meu corpo, vi-me ligar, vi-me abrir a
boca até então calada, vi-me proferir aquilo que estava dentro do meu eu,
escondidinho, mas que precisava sair. Porém, confesso que dessa vez, pensei na
ação-reação, tive até medo da reação, mas ou reagia contra aquilo que estava
fazendo-me mal, que estava se cristalizando dentro de mim, ou... ou...
Pois bem, disse! Não gritei, não alterei
o tom de voz tornando-o agressivo, apenas falei... apenas falei aquilo que
estava engasgado, incomodando-me. Qual a reação de meu locutor? Talvez aquela
que eu não esperava, foi o tal ou... Com isso, precisei refletir algumas
questões: quem sou e o que significo?
O que parecia duradouro se dissipou
diante dos meus olhos como se nada pudesse fazer. Claro que nada é muita coisa,
mas para quem normalmente não tem papas na língua, naquele momento preferi me
calar, afinal, tratava-se de um momento de conflito, foi essa tática que segui,
sei lá se posso chamar isso de tática ou de bom senso momentâneo. Quem ali me
olhasse, apenas via uma pessoa seca, uma pedra bruta, intocável, porém, quem
sentisse a minha alma, enxergaria o sangue correr, o âmago tomando conta e
petrificando o pensamento.
Novamente repito: momentâneo, mas por
quê? Simplesmente porque o sexo feminino é sim frágil, desculpem-me quem não
pensa assim, mas é frágil em controlar as emoções, é frágil em lidar com os
sentimentos, é frágil em organizar os pensamentos. É frágil e ponto! Essa
fragilidade também me dominou, não exatamente no momento da ação-reação, mas
após o “ou”. Como de se esperar, se o coração manda, se faz: escreve-se,
liga-se, procura-se... Agora pergunto: será que é o coração quem manda ou a
falta de juízo?
Prefiro acreditar no coração, apesar das
recomendações recebidas. Ora, quem gosta, ou melhor, quem ama não deve ter
vergonha, medo receio... seja lá o que for. Muito pelo contrário, precisa
querer acertar os ponteiros, saber no que errou e por que errou e se pôr em
prova, tentar – ao menos – mudar. Uma conversa que, porventura, teve como objetivo
refletir para uma nova ação-reação de mudança para o bem de ambos, não deveria
ter um fechamento puft, conturbado, inesperado. Quem sabe, aquele tempinho a
sós, de introspecção, tenha podido aliviar as amarguras, o estado de tensão, o
estado de latência daquilo que estava lá, escondidinho e guardado, mas que em
poucos minutos veio à tona.
Quando se ama, se busca o acerto,
busca-se o diálogo, expor aquilo que não está legal, mas juntos tentarem uma
inversão. Por que não está legal? Por que mudamos? Por que não somos mais os
mesmo? Algumas respostas rápidas logo poderão ser pronunciadas: trabalho,
estudo, trabalho, estudo... Mas a resposta que acredito mais significativa é
esta: falta de compreensão das duas partes. No jogo do amor, o trabalho e o
estudo afogaram o tempo da amizade, do companheirismo, dos momentos a sós.
Afogaram sim, mas acredito que não a ponto de matar, nada que um novo fôlego e
uma nova recuperação não consigam proporcionar todo o oxigênio necessário para
um começo-recomeço-continuação.
Quero acreditar nisso, preciso acreditar
nisso para não matar o que há em mim, para ainda me sentir viva. Não espero um
não, não espero o fim de nada. Espero apenas que juntos consigamos compreender
a atual situação sem mágoas, e unidos, dando força um ao outro, consigamos
superar essa provação.
Cristiane Dagostim - 15/05/2013, às 20h45min
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