Boa leitura!

Abra-se, sinta o cheirinho penetrar nas suas narinas e o abraço envolver o seu corpo. Respire fundo, não tenha medo!
Entre neste mundo que não é só meu, viaje comigo e deixe-se levar.

22 de agosto de 2010

Filhos da seca

Rosto queimado, maltratado
Pernas finas de tanto andá
Voz rouca de bicho-do-mato
Palavras pequenas pra expressar.


Mãos calejadas, vida tão dura
Roupas rasgadas, não posso comprá
Patrão salafrário não dá nem sossego
Pobres de nós que ocupamos este lugar.


A seca está brava, o gado sumiu
Meus filhos doentes se usam do rio
O compadre morreu, não vamos enterrá
A terra está dura, não dá pra cavá.


A barriga ronca pedindo comida
Só nos resta as plantas secas que têm por aqui
Meu cachorro já foi pra panela
E o passarinho espera a vez de entrá dentro dela


Olhos brilhantes, pretos e gigantes
De tanta pobreza envelheceram
A pele morena e esticada
Se enrugou não sei o porquê.


Pobres da seca deste Nordeste
Vivemos aqui pra de algum modo morrê,
A água nos falta, comida não tem
A terra é dura, a que podemos fazê?


A vida é pobre de eterna fadiga
É uma luta em constante agonia
Nos esqueceram e massacraram
Pobres de nós, filhos da seca.

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