Rosto queimado, maltratado
Pernas finas de tanto andá
Voz rouca de bicho-do-mato
Palavras pequenas pra expressar.
Mãos calejadas, vida tão dura
Roupas rasgadas, não posso comprá
Patrão salafrário não dá nem sossego
Pobres de nós que ocupamos este lugar.
A seca está brava, o gado sumiu
Meus filhos doentes se usam do rio
O compadre morreu, não vamos enterrá
A terra está dura, não dá pra cavá.
A barriga ronca pedindo comida
Só nos resta as plantas secas que têm por aqui
Meu cachorro já foi pra panela
E o passarinho espera a vez de entrá dentro dela
Olhos brilhantes, pretos e gigantes
De tanta pobreza envelheceram
A pele morena e esticada
Se enrugou não sei o porquê.
Pobres da seca deste Nordeste
Vivemos aqui pra de algum modo morrê,
A água nos falta, comida não tem
A terra é dura, a que podemos fazê?
A vida é pobre de eterna fadiga
É uma luta em constante agonia
Nos esqueceram e massacraram
Pobres de nós, filhos da seca.
Nas Asas da Imaginação apresenta textos escritos a partir da observação do mundo. Estes surgiram aos pouquinhos e tiveram início quando eu ainda era uma garotinha, tinha pouco menos de treze anos. No início, os escritos serviram como palavras decorativas que me acompanhavam todos os dias no colégio, outros ainda decoravam o verso de provas passando muitas vezes despercebidos. Boa leitura!
Boa leitura!
Abra-se, sinta o cheirinho penetrar nas suas narinas e o abraço envolver o seu corpo. Respire fundo, não tenha medo!
Entre neste mundo que não é só meu, viaje comigo e deixe-se levar.
Entre neste mundo que não é só meu, viaje comigo e deixe-se levar.
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