Teresa acordou sorrindo e cantando, estava bem diferente do dia anterior, talvez o sonho tenha sido um bom remédio. Após se arrumar e beber um bom café, telefonou para Carol. Minutos ao telefone jogando conversa fora e um convite: sorvete!
Encontraram-se em uma sorveteria do bairro, as garotas eram vizinhas. Lá, novamente conversaram muito, deram gargalhadas e divertiram-se enquanto saboreavam as guloseimas do local. Realmente, Teresa estava diferente, havia esquecido as brigas com Renato (quem sabe o próprio Renato) e estava aproveitando aquele momento ao lado da amiga.
Quando o sorvete acabou, decidiram voltar para casa a fim de se prepararem para a noite: festa de Lurdinha. Teresa já havia separado roupas e acessórios, estava tudo organizado, mas havia um problema: estava sem par. Sem se preocupar com aquilo, dormiu por um bom tempo para assim aproveitar ao máximo a festa. Ao acordar, novo banho, nova troca de roupa, novo clima, novo tudo (se bobear, até novo namorado).
Arrumada e maquiada, seguiu até a casa de Carol e de lá, não se sentindo nem um pouco “vela”, partiram para o clube. Os três se sentaram em uma mesa central que, aos poucos, recebeu outras pessoas, todas conhecidas de Teresa. Entre elas, estava Pedro que também era conhecido de Renato, mas apenas conhecido, um tinha ódio mortal do outro. Motivo? Teresa, óbvio.
Ela, como estava sozinha, aproveitou a festa. Dançou muito com Pedro, este era bem diferente de seu ex: garotão, alegre, sempre alto-astral, feliz e, ainda por cima, dançava como ninguém. Apenas dançaram, trocaram olhares, falaram pouco e, em uma dessas conversas...
--- Por que você não investe na Ana?
--- Você sabe muito bem quem eu quero.
A resposta fez Teresa respirar fundo. Na mesma festa, ao longe, Renato a observava discretamente, não queria magoá-lo. O término do namoro era recente, não sabia se teria volta ou não, ela não poderia arriscar. Simplesmente sorriu, não disse palavra alguma, continuaram a dançar, sempre separados, um ao lado do outro. Os estilos musicais variavam constantemente até que um forró pôde ser ouvido.
--- Dança comigo?
--- Não. Aqui não.
--- Poxa, só uma! Vai dizer que não dançará nenhuma música comigo?!
--- Local errado!
Com a fala de Teresa, Pedro entendeu o motivo e não insistiu mais. Procurou sair de perto dela para não causar confusão e estragar com a festa de Lurdinha. Ela, com o coração e a razão brigando, continuou ali por mais algum tempo até que achou melhor ir embora.
Dias depois, ao abrir o e-mail, uma mensagem de Pedro a chamou muito a atenção: “Boa noite, Teresa! Como você está? Ah, ontem você brincou, né? Abraço e até...”. Ao terminar de ler, Teresa ficou sem reação e pôs-se a pensar: “Não brinquei. Nunca falei nada. Aproveitei a noite e não queria magoar ninguém...”. Algo ficou martelando na cabeça dela: o que significava o tal “até” seguido de reticências?
Claro que Teresa chegou a responder o e-mail, coisa que até então não tinha feito. Se a resposta dela foi suficiente para Pedro ou não, nem ela sabe. Hoje, ela está novamente ao lado de Renato, feliz com Renato, gosta do Renato. Tem aqueles momentos de bobeira, do mundo vai acabar amanhã, do é preciso se divertir e curtir a vida. Posso dar a minha opinião? Concordo com ela, devemos sim aproveitar a vida, vivê-la intensamente, mas dentro de certos limites, certas condutas e com respeito.
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